quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ensaio cético I

Autor: Mario Arthur Favretto

A sociedade e as culturas ao longo de toda a história têm buscado explicações para os mais variados fenômenos que ocorrem no cotidiano humano, eventos aleatórios e coincidências sempre são interpretados como de origem paranormal. Aparentemente as pessoas não conseguem apreciar a realidade em sua plenitude, difícil compreender o motivo de não enxergarem sua beleza, sempre preferindo respostas mágicas.
As pessoas em geral simplesmente aceitam o que lhes é ensinado quando na infância, em uma época em que o cérebro ainda está se formando, pré-disposto a conhecer o mundo, os pais enchem a mente das crianças com convicções relacionadas ao paranormal. E assim estas ideias ficam impregnadas na mente humana, passadas de geração em geração, afastando as pessoas da beleza da realidade e do conhecimento científico. Se tais crenças permanecessem apenas para si não haveria problema nenhum, porém elas são levadas ao nível do fanatismo, assim os pais negam a seus filhos a liberdade de questionar e pensarem por si mesmos ou de modo diferente. Piorando a situação, doenças não são tratadas de forma correta pelo fato de as pessoas apelarem para a crença e não para a ciência médica e guerras são originadas em nome das crenças.
 O não questionamento permite que ideias sejam usadas para justificar as mais variadas barbáries e omissões, daí advém a necessidade do ceticismo, do questionamento, da dúvida. Se os eugenistas tivessem dúvidas quanto aos seus atos o holocausto teria ocorrido? Se os terroristas motivados pelo fanatismo religioso tivessem dúvidas quanto ás suas crenças, cristãos e islâmicos estariam em guerra desde a antiguidade? A convicção plenamente aceita pode gerar inúmeros atos atrozes.
             Onde então percebemos que apenas o amplo questionamento e análise por diferentes pontos de vista podem permitir um aperfeiçoamento do conhecimento humano, expondo todas as crenças ao crivo de um pensamento crítico. Relegando nossos desejos de existência de sobrenatural à lixeira de nossos pensamentos e permitindo que a racionalidade e o questionamento plena possam agir sobre as questões relacionadas ao avanço da ciência e do conhecimento. Sem mais atos originados de fanatismo, sem mais omissão de doenças em prol de curas supersticiosas inexistentes, sem mais impedir as pessoas de questionarem. O cotidiano em sua beleza real, pois um jardim não precisa ter fadas para ser considerado belo.

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